terça-feira, 31 de agosto de 2010

A menina que quase derreteu

Ela estava na cozinha. Odiava serviço de casa, mas como tinha prometido aos pais que todos os dias lavaria a louça do almoço, lá estava ela. Depois do primeiro dia de trabalho, terminou o último prato e enxugou as mãos. Percebeu que o guardanapo estava umido demais e que suas mãos não estavam secas ainda. Tentou de novo e notou que agora pingava bastante água de seus dedos. Estava derretendo...
Calmamente, respirou fundo e pensou em alguma justificativa praquilo estar acontecendo. De onde saia tanta água? Será que ela ia desmanchar?
Pegou um balde, sentou no sofá e ficou olhando a água que escorria de seus dedos encher até transbordar... depois começou a dar uma agonia, um medo... o interesse pelo estranho fenômeno começou a transformar-se em pavor conforme a água das mãos enchia o piso da sala e começava a invadir o corredor. Ligou para o médico da familia, o telefone ficou encharcado, lógico.
O médico chegou lá e ficou espantadíssimo, nunca vira algo parecido. Deu uma ideia, chamar o pessoal da Sanepar para testar a água, se fosse potável, poderiam usar! Mas a menina, com medo, se perguntava e queria saber dele se ela ficaria bem... como seria o resto da vida assim? E os estudos, casamento, filhos? Sempre molhados?
No fim da semana, depois de muito molhar tudo e contribuir para a melhoria do nível de água do reservatório da cidade, a menina, ao enxugar o último prato de louça percebeu que suas mãos simplesmente secaram, subitamente, da mesma maneira que tudo começou.