quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

Pequena história da menina que era viciada em livros

Quando eu era criança pequena lá na roça em Maringá (infelizmente, ainda estou aqui), minha mãe me deu um livro. Lógico que eu não lembro qual foi, mas ela deu. Ela leu, meu pai leu, minha vó também deve ter lido pra me contar a história e eu gamei. Depois, vieram mais livros, enquanto eu ainda não sabia ler, eu só ouvia e me deliciava com tudo aquilo, segundo os relatos da minha mãe porque lógico, eu não lembro muito bem disso.

Depois e desse eu me lembro, veio um livro com imagens e era a história da lagarta que virava borboleta. A pequena Mariana começou, então, a tagarelar histórias e, segundo a minha mãe, contou umas 5 versões, uma mais viajada que a outra (sim, ela usou essa palavra pra falar da criatividade da pequena filhota dela que estava aprendendo a contar histórias).

Eu fui pra escolhinha e aprendi a ler, bem rápido, até. De certo eu já estava meio neurótica e queria logo ser independente dos adultos pra poder ler livros... Eu lembro que eu gostava muito de decifrar TODAS as palavras que passassem por mim, tudo, tudo servia pra ser lido e na maioria das vezes, eu ainda inventava alguma maluquice, asneirice coisa sobre o nome da loja ou sobre a reportagem da atriz que engravidou do parceiro de trabalho na novela.

Então, lá pros 8 anos, eu fui apresentada ao senhor Monteiro Lobato e consigo, ainda, sentir a minha emoção ao passar os dedos pela capa de cada livro da coleção do Sítio do Picapau Amarelo, prevendo todas as aventuras que eu iria viver entrando em contato com aquelas palavras, com a Narizinho e o Pedrinho, o Visconde, a Dona Benta, a tia Nastácia e, principalmente, a Emília. Devorei a coleção toda, sempre sedenta por mais, como um vício do qual eu não podia e nem queria me livrar. Basicamente, era isso: ler, dançar, brincar na rua e matar aulas (é, eu odiava a escola).

Lá pros nove, dez anos, eu conheci a Coleção Vaga-lume. E foi um deus-nos-acuda! Lembro de ter achado o primeiro livro da coleção no guarda-roupas da minha tia, em um dos meus desbravamentos pela floresta encantada de segredos do guarda-roupas da Thaís, a bruxa má, irmã da mãe, que vivia no castelo mágico da casa da vó... Tinha uma borboleta na capa, foi difícil lembrar o nome, mas o google me ajudou: O caso da borboleta Atíria foi a porta pra coleção. Li praticamente todos, menos os de um herói espacial lá que eu achava muito idiota... (Ah! As Aventuras de Xisto...) e alguns outros que não tinha na biblioteca da escola (que ainda era a única que eu frequentava).

Na coleção, três são muito importantes pra mim, além do primeiro lido: Éramos seis. O escaravelho do Diabo e a Ladeira da Saudade. Éramos seis foi o primeiro que me fez chorar, O escaravelho foi o primeiro que eu dei de presente e A Ladeira da Saudade foi o que me deu vontade de conhecer Ouro Preto (ainda não conheço =/) e me deu curiosidade de ler mais livros que contassem histórias passadas em lugares distantes e diferentes pra que eu pudesse viajar com eles...

Em Floripa, eu era um erro da natureza tímida, quieta, desengonçada e feia. Virei rato de biblioteca, fã do Hanson e tive os primeiros contatos com dança do ventre e teatro.

Um dos primeiros livros que ganhei da professora Maria, a bibliotecária, que logicamente, virou minha amiga de leituras, foi sobre as invenções da humanidade. Não lembro do nome, mas a capa era cheia de desenhos de máquinas doidas... E eu ia todos os dias pra biblioteca, depois da aula, para ler, devolver e pegar outros livros, geralmente, três por vez, pra devolver dali dez dias.
Nos três anos que eu estudei no Simão, eu reli a coleção do Lobato e terminei a Vaga-lume. Além de conhecer o Pedro Bandeira e os livros O estudante I e II, que eu vi, pela primeira vez de um jeito nada implícito, como era foda a vida de uma família que tinha gente drogada. Também viciei no Sherlock e contos de fadas adaptados, além de dar a volta ao mundo em 80 dias.

Quando eu voltei pra Maringá, eu corri pra biblioteca municipal. Lógico que não era tão enorme quanto a da UEM e nem tão enorme quanto tantas outras bibliotecas por aí, que eu ainda não conheço... mas me servia. Lá, conheci a Agatha Cristie e o Stephen King. Teve outras coisas que não são tão valorizadas como o Paulo Coelho e o Sidney Sheldon, mas devo admitir que gostava deles, na época.

Na oitava série também aconteceu o episódio de outro amigo que começou a ler. Ele contou, depois, que me via tão feliz e interessada, lendo meus livros que ficou curiosíssimo e sempre, depois que eu tagarelava as histórias, ele ficava curioso pra ler. Daí ele foi lá, leu e pronto, viciou. Dei pra ele de presente Um estudo em vermelho, aventura do Sherlock Holmes. (No primeiro ano morando de novo em Maringá, eu já tinha mais amigos e havia voltado decidida a não ser mais tão tímida... aaah a minha cara de pau me serviu tão bem!)

No segundo grau, tinha que estudar muito, então, eu lia os livros que as professoras de literatura indicavam... comecei a amar o Jorge Amado e o Vinicius de Moraes, conheci Drummond, interpretei Cecília e Ligia Fagundes Telles, me diverti com Lima Barreto e Machado de Assis. Estressei com O cortiço e A Moreninha, entre tantas outras sensações com autores renomados da literatura brasileira. E também começou a paixão pelo Harry Potter... foram sete anos, sempre esperando, primeiro o livro e depois o filme, sempre aquela curiosidade sobre o que ia acontecer com o bruxo que sobreviveu ao Você-sabe-quem... Deu uma tristeza por ter acabado ;~ Também teve O Senhor dos anéis que eu não consegui terminar de ler até hoje e nem vou terminar, provavelmente.

Então, veio o vestibular, as redações, as lembranças pelo gosto de escrever, o gosto de dançar, o gosto de desenhar, as dificuldades com exatas e as grandes dúvidas: "O que eu quero ser?" "O que eu tô a fim de estudar?" Eu tentei, primeiro, Arquitetura na UEM. Fui bem, mas não passei. Desisti de Arquitetura e minutos antes de entregar a ficha de inscriçao do outro vestibular, assinalei lá: Letras-Português-Inglês.

Pronto, fudeu.

Agora aqui, no último ano do curso, depois de rabiscar, rascunhar e escrever contos, cantigas, redações, artigos, trabalhos, resenhas, relatórios, provas, poesias, seminários, personagens; criar descrições, charges, compositions, questionários, colas-para-as-provas e de ler e estudar sobre a literatura portuguesa, a anglo-americana, a brasileira e a infantil, eu sei, mais do que nunca, que esse vício nã tem cura amor é pra vida toda. Ainda tem muita história pra eu ler, muito livro pra contar e muita gente pra ser encantada com toda a fantasia, a magia, os novos mundos e seres da literatura.

p.s.: eu não vou ser professora de português, ok? No máximo de literatura.
p.s.2: putamerda, ficou muito grande!

4 comentários:

Douglas Funny disse...

pequena história?

Anônimo disse...

sabia que dá pra fazer um livro,
lendo me lembrei do livro do Branca,´lá tinha um personagem, timido apaixonado por filmes

aqui, tivemos uma menina timida,
que com o passar dos anos, continua
com a mesma emoção e paixão pela literatura:D

se desenvolver mais, sera um conto que gostaria de lê, da menina timida, que com os encatos dos livros, e a imaginação a florar, se revelou ao mundo.

bjOO sobrinha

:*

Giovana Lago disse...

Cara, sempre fui viciada pela leitura, aprendi a ler com três anos, e desde 'A Bela Adormecida' não parei mais.

Alessandra Castro disse...

Ahhh minha realção com livros quase foi p/ água a baixo antes de começar. Digamos q o primeiro q eu ganhei da minha familia foi o Pollyana Moça(Cruzes!) e nunca, digo nunca li mesmo. Depois chegou a vez da escola impor todos de literatra brasileira e isso me traumatizou ao ponto de até hj naum ler nada de Machadão.
Soh fui me jogar mesmo aos 16 anos em historias de terror, aí sim eu finalmente encontrei meu calcanhar de aquiles, romances enormes e estrangeiros.