sexta-feira, 9 de maio de 2008

Tá foda te esquecer.

Tá foda te esquecer.

Tá foda porque tem o seu cheiro no corredor do meu bloco, alguém usa o mesmo perfume que o seu. Tá foda te esquecer porque eu ainda sinto o toque das suas mãos no meu cabelo e ainda uso o mesmo cheiro que você gostava.

Tá complicado tirar você de mim porque mesmo andando sozinha, eu ainda me sinto de mãos dadas com você. Tá foda te esquecer porque eu ando sozinha e toda hora toca na rádio alguma música que você já me mandou. Ainda tem o seu recado no meu mural, ainda tem o seu desenho no meu caderno; ainda tem as nossas fotos na minha gaveta, escondidas lá no fundo só porque eu ainda não consegui rasgar ou jogar fora.

Tá foda te esquecer porque todo mundo me pergunta de você, todo mundo pergunta da gente e ninguém entende porque eu tenho que te esquecer. Tá foda te esquecer porque eu ainda não aceitei que não vou mais sair com você num sábado de frio e nem acordar no domingo do seu lado.

Tá foda te esquecer porque eu não consigo, nem quero, me interessar por outros caras. Tá foda te esquecer porque seu presente, que eu trouxe da minha viagem, ainda tá em casa. Tá difícil apagar você de mim porque você foi um amorzinho que me durou pouco, mas cresceu demais e não quer deixar de viver, ainda.

Tá foda porque ainda tá passando Pushing Daisies e toda semana eu não tenho companhia pra ir no cinema. Tá foda te deixar de lado porque estudar de madrugada lembra suas noites varadas, estudar de tarde lembra seu curso integral, estudar lembra todas essas comparações bobas que a gente fazia entre os nossos cursos. A minha Heineken de sexta a noite ou nos sábados a toa não existe mais, a sua janelinha subindo no msn ainda me faz estremecer, a chegada do fim de semana ainda me faz esperar ansiosa pelos nossos programas mais bobos e mais legais. Tá foda te esquecer porque eu ainda não quero.

Tá foda te esquecer porque tudo ainda me lembra você.


Soneto de separação - Vinicius de Moraes

De repente do riso fez-se o pranto
Silencioso e branco como a bruma,
E das bocas unidas fez-se a espuma,
E das mãos espalmadas fez-se o espanto.

De repente da calma fez-se o vento
Que dos olhos desfez a última chama,
E da paixão fez-se o presentimento,
E do momento imóvel fez-se o drama.

De repente, não mais que de repente,
Fez-se de triste o que se fez amante,
E de sozinho o que se fez contente.

Fez-se do amigo próximo o distante,
Fez-se da vida uma aventura errante,
De repente, não mais que de repente.

5 comentários:

Nina 512 disse...

lendo por ai
esbarrei aqui xD

amo vinicius
e sei bem como eh isso...
como eh phoda esquecer ¬¬


fica com deus menina ^^

Teresa disse...

não sei o que tá mais lindo, seu texto ou o soneto hehehe

dou empate para os 2.

=*

Alessandra Castro disse...

DETESTO esses tipos zumbis e vampiros, estaca no coração deles pq assim desaparecem para sempre.

Rodrigo Dias disse...

Olha só, vou te ajudar a esquecê-lo, ok? Dá o presente dele pra mim. Já é um objeto a menos.

Agora, pode fazer o seguinte: ano passado - ou retrasado - surgiu uma musiqueta que virou hit interético, que dizia "eu vou te bloquear, te excluir do meu orkut / eu vou te deletar do MSN / não me mande nem scrap nem e-mail / powerpoint".

Já é alguma coisa, não?

Beijon

Douglas Funny disse...

hehehehehe... perdão pela risada no texto triste, mas eu adorei a idéia da Mary West.

De repente "estaca" não é considerada uma arma fora dos filmes de terror... isso pode ser usado a seu favor no tribunal!!

bjokas querida!!